Uma das experiências marcantes da minha vida de professora foi trabalhar como diretora de CIEP. Você deve estar se perguntando o que é CIEP? CIEP eram escolas (centros educacionais) onde os estudantes ficavam em horário integral.
Eu dirigi o CIEP Avenida dos Desfiles – no Sambódromo do Rio de Janeiro. As aulas aconteciam de fevereiro a novembro, depois, as escolas eram desarrumadas e as escolas de samba começavam a montar os seus camarotes.
Sem entrar em campo político, a escola era extremamente inovadora. Artes, educação física, experiências educacionais, tudo ali acontecia.
O que mais me impressionou foi um dos primeiros projetos com o samba: origem, cultura, crescimento, influências, análise dos enredos. Os estudantes e professores aprendiam.
Entretanto, o preconceito a essa manifestação cultural era muito forte. Hoje, ainda é.
Quando quis levar um pouco desses estudos a uma escola da rede privada onde eu também trabalhava, a resposta foi a seguinte: “não traga as discussões do sambódromo para cá. Sambódromo é sambódromo, aqui é aqui”.
É lógico que o projeto nessa escola não aconteceu, mas interpretação de samba enredos, sim. Fiz com os alunos. Alguns também reagiram com preconceito. Só alguns. Outros, adoraram.
Hoje, as escolas privadas fazem os bloquinhos. Algumas até analisam os sambas, mas essa minha experiência frustrada comprova o quanto a cultura “raiz” sofre rejeições.