Minha filha me pergunta sempre de onde vêm as minhas ideias para escrever os meus livrinhos? Acho que da experiência vivida e de um olhar aguçado na observação do mundo. E mesmo que elas venham disso, acho que também há uma certa autonomia nelas mesmas. E por mais simplórias que elas pareçam, eu faço um esforço para desdobrá-las, tomarem corpo, transformarem-se em textos.
Sabe, uma amiga me disse uma vez que todas as ideias circulam pelo mundo, estão por aí e cada um é capaz de captá-las. É, pode ser também, pois, às vezes eu estou em uma livraria e, de repente, encontro um livro que já fiz até um rascunho com o mesmo tema. Será assim mesmo? Será? Isso nos deixa a ideia de que imaginação, criatividade, escrever, enfim, é uma questão de transcendência. Não sei se é isso ou mera coincidência.
Indo por outro caminho, comecei a me interessar por escrever, quando em um concurso público tirei a maior nota na redação. Eu não acreditava muito em mim, estudava e lia muito, mas tirar a maior nota me deixou praticamente nas nuvens. A partir daí passei a perseguir ideias… Era uma coisa meio obsessiva: perseguia, escrevia, frustrava-me, largava, voltava, gostava. Muito doido, né?
Quando comecei a escrever didáticos, praticamente enlouquecia. Eram ideias, atrás de ideias, exercícios de um jeito, de outro, busca de textos, formas de interpretar, mudar o ensino, mudar o mundo. Era muito bom, mas, ao mesmo tempo, angustiante. Dormia com um papel ao lado para não deixar ideia alguma escapar, dirigia com bloquinho para nada fugir de mim.